PROJETO
Projeto vencedor dos Prêmios
"Fomento e Apoio à Produção Teatral" (Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas - 2015).
Objetivo Geral
Circular com o
projeto “VOLTA À SECA - REVENDO O
CANGAÇO” com 10 (dez)
apresentações do espetáculo teatral multimídia “Volta à Seca”, de Maurício Melo Junior com ator alagoano Chico
de Assis, direção e encenação Marco Antonio Campos com a temática do cangaço.
Objetivos Específicos do projeto
Realizar apresentações GRATUITAS PARA ALUNOS DA REDE PUBLICA DE ENSINO do espetáculo “Volta à Seca” por cidades relacionadas
com o bando de Lampião, como, Água Branca, Santana do Ipanema, Piranhas,
Delmiro Gouveia e Quebrângulo durante a celebração do Bicentenário de Alagoas
Volta à Seca
“Revendo o Cangaço no bicentenário de Alagoas”
Em 2017 celebra se os 77 anos do fim da era do cangaço que
terminou no dia 25 de maio de 1940 com a morte do líder do último grupo famoso,
o de Cristino Gomes da Silva Cleto, conhecido como Corisco
(que era natural de Água Branca/AL)
tido como vingador de Lampião, foi o termino do ciclo geral do cangaço
O governo da época para dar
visibilidade à morte de Lampião e seu bando ocorrida em 28 de julho de 1938 expôs as cabeças de Lampião e seu bando mortos em Angico/Se em praça pública na
cidade de Piranhas/AL, as cabeças foram transportadas em cortejo pelas cidades
do sertão em direção a Maceió/AL e de lá finalmente para Salvador onde ficaram
expostas até 1969 no Museu Nina Rodrigues, mecanismo que funcionaram também no
sentido de demonstrar às populações sertanejas que Lampião não era invencível e
não era invulnerável.
Aurélio
Buarque Ferreira de Holanda era menino quando testemunhou a estranha “feira de
cabeças” em Santana do Ipanema,
cidade do sertão de Alagoas, Era final de tarde, dia de feira e para ali
acorriam sertanejos de toda a região. Em crônica escrita anos depois, Aurélio lembra das imagens arrepiadoras (para ele) revestidas
de espécie de ritual confirmatório – Lampião está morto. Espetáculo e
teatralização da morte, entre imagens arrepiadoras, discursos e bravatas,
espocar de foguetes, sinos dobrando e banda de música. Cenas reproduzidas pelos
fotógrafos profissionais e amadores da época que
[...] batem chapas, apressados, do
povo e dos pedaços humanos expostos na feira horrenda. Feira que, por sinal,
começou ao terminar a outra, onde havia carne-de-sol, o requeijão de três mil
réis o quilo,
[...] as pinhas doces,
abrindo-se de maduras,
[...] e as alpercatas sertanejas, de
vários tipos e vários preços.
[...] ao olho frio das codaques
interessa menos a multidão viva do que os restos mortais em exposição,
[...]
O espetáculo é inédito: cumpre eternizá-lo, em flagrantes expressivos. Um dos
repórteres pousa espetacularmente para o retratista, segurando pequenas melenas
desgrenhadas os restos de Lampião. Original. Um furo para A Noite Ilustrada.1
O correspondente do Jornal
carioca A Noite Ilustrada era Melchíades da Rocha, sertanejo da região
de Santana de Ipanema, que havia migrado para o Rio de Janeiro, jornalista e
autor do livro publicado em 1942 em que constam os detalhes da morte de Lampião
e o destroçamento do seu bando. Para Rocha, envolvido com o ideário
estadonovista, aquilo era sacrifício necessário, pois
[...] com o Estado
Novo, que veio para elevar o padrão de nossa cultura, da nossa mentalidade,
dando-lhe um cunho mais humano, mais cristão, mais brasileiro, é possível que
não tardem, nas Alagoas, os benefícios que carecemos. Então, caminharemos para
um futuro melhor.2
No campo da memória
coletiva Lampião tornou-se uma espécie de protótipo dos cangaceiros,
eclipsando, digamos assim, os demais cangaceiros do seu tempo. Não obstante,
devemos atentar para o fato de que o cangaço não se resumiu a Lampião, embora
comumente se confunda com ele.
Há justificativas para
isso: Lampião desfrutava de liderança reconhecida no bando, era valente e
habilidoso em combate e tinha o exemplo acima da palavra. Por outro lado, do
ponto de vista das relações do cangaço com a sociedade do seu tempo, é
necessário levar em conta que Lampião, mesmo sofrendo intensas perseguições de
inimigos pessoais e de numerosas forças policiais, decidiu dar visibilidade a
si e ao seu bando, por meio de entrevistas e imagens fotográficas e filmes, ele
soube construir, quando teve oportunidade, uma relação com jornalistas e
fotógrafos da época, o que lhe rendeu algumas imagens favoráveis.
O movimento do cangaço foi sobre tudo um movimento de forte
apelo social a favor e ou contra as regras da época a depender do ponto de
vista histórico ou social. Idealista, inclusivo, estético e acima de tudo
brasileiro que viveu grande fatos em terras alagoanas.
O cangaço nos deixou grande herança
estética, reproduzida por artistas como Luiz Gonzaga (visualmente e
musicalmente), despertou curiosidade e respeito nas demais regiões do país e
sobretudo Alagoas esteve fortemente presente nos fatos e batalhas ocorridos em
cidades alagoanas a personagens centrais filhos da terra como Corisco.
O reconhecimento desta memória, fatos,
remanescestes vivos, locais obras literárias e de arte é que queremos revisitar
e dar visibilidade com o PROJETO “VOLTA À SECA - Revendo o Cangaço no bicentenário de Alagoas”
1. HOLANDA, Aurélio Buarque de. Feira de Cabeças. Suplemento
Cultural, Diário Oficial, Estado de Pernambuco, Ano IX, p. 15, Julho de
1995.
2. ROCHA, Melchiades da. Bandoleiros das
catingas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988, p. 35.
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