segunda-feira, 10 de abril de 2017

“VOLTA À SECA - REVENDO O CANGAÇO EM ALAGOAS” Teatro


PROJETO


VOLTA À SECA - REVENDO O CANGAÇO NO BICENTENÁRIO DE ALAGOAS”


Projeto vencedor dos Prêmios

"Lei de Incentivo à Cultura de Maceió - Eris Maximiano" (Prefeitura Municipal de Maceió - 2015)
"Fomento e Apoio à Produção Teatral" (Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas - 2015).

Objetivo Geral

Circular com o projeto  VOLTA À SECA - REVENDO O CANGAÇO”  com 10 (dez) apresentações do espetáculo teatral multimídia “Volta à Seca”, de Maurício Melo Junior com ator alagoano Chico de Assis, direção e encenação Marco Antonio Campos com a temática do cangaço.


Objetivos Específicos do projeto

Realizar apresentações GRATUITAS PARA ALUNOS DA REDE PUBLICA DE ENSINO do espetáculo “Volta à Seca” por cidades relacionadas com o bando de Lampião, como, Água Branca, Santana do Ipanema, Piranhas, Delmiro Gouveia e Quebrângulo durante a celebração do Bicentenário de Alagoas

Volta à Seca

Revendo o Cangaço no bicentenário de Alagoas”

Em 2017 celebra se os 77 anos do fim da era do cangaço que terminou no dia 25 de maio de 1940 com a morte do líder do último grupo famoso, o de Cristino Gomes da Silva Cleto, conhecido como Corisco (que era natural de Água Branca/AL) tido como vingador de Lampião, foi o termino do ciclo geral do cangaço

O governo da época para dar visibilidade à morte de Lampião e seu bando ocorrida em 28 de julho de 1938 expôs as cabeças de Lampião e seu bando mortos em Angico/Se em praça pública na cidade de Piranhas/AL, as cabeças foram transportadas em cortejo pelas cidades do sertão em direção a Maceió/AL e de lá finalmente para Salvador onde ficaram expostas até 1969 no Museu Nina Rodrigues, mecanismo que funcionaram também no sentido de demonstrar às populações sertanejas que Lampião não era invencível e não era invulnerável.


Aurélio Buarque Ferreira de Holanda era menino quando testemunhou a estranha “feira de cabeças” em Santana do Ipanema, cidade do sertão de Alagoas, Era final de tarde, dia de feira e para ali acorriam sertanejos de toda a região. Em crônica escrita anos depois, Aurélio lembra das imagens arrepiadoras (para ele) revestidas de espécie de ritual confirmatório – Lampião está morto. Espetáculo e teatralização da morte, entre imagens arrepiadoras, discursos e bravatas, espocar de foguetes, sinos dobrando e banda de música. Cenas reproduzidas pelos fotógrafos profissionais e amadores da época que

[...] batem chapas, apressados, do povo e dos pedaços humanos expostos na feira horrenda. Feira que, por sinal, começou ao terminar a outra, onde havia carne-de-sol, o requeijão de três mil réis o quilo,
[...] as pinhas doces, abrindo-se de maduras,
[...] e as alpercatas sertanejas, de vários tipos e vários preços.
[...] ao olho frio das codaques interessa menos a multidão viva do que os restos mortais em exposição,
[...] O espetáculo é inédito: cumpre eternizá-lo, em flagrantes expressivos. Um dos repórteres pousa espetacularmente para o retratista, segurando pequenas melenas desgrenhadas os restos de Lampião. Original. Um furo para A Noite Ilustrada.1

O correspondente do Jornal carioca A Noite Ilustrada era Melchíades da Rocha, sertanejo da região de Santana de Ipanema, que havia migrado para o Rio de Janeiro, jornalista e autor do livro publicado em 1942 em que constam os detalhes da morte de Lampião e o destroçamento do seu bando. Para Rocha, envolvido com o ideário estadonovista, aquilo era sacrifício necessário, pois

[...] com o Estado Novo, que veio para elevar o padrão de nossa cultura, da nossa mentalidade, dando-lhe um cunho mais humano, mais cristão, mais brasileiro, é possível que não tardem, nas Alagoas, os benefícios que carecemos. Então, caminharemos para um futuro melhor.2


          

No campo da memória coletiva Lampião tornou-se uma espécie de protótipo dos cangaceiros, eclipsando, digamos assim, os demais cangaceiros do seu tempo. Não obstante, devemos atentar para o fato de que o cangaço não se resumiu a Lampião, embora comumente se confunda com ele.

Há justificativas para isso: Lampião desfrutava de liderança reconhecida no bando, era valente e habilidoso em combate e tinha o exemplo acima da palavra. Por outro lado, do ponto de vista das relações do cangaço com a sociedade do seu tempo, é necessário levar em conta que Lampião, mesmo sofrendo intensas perseguições de inimigos pessoais e de numerosas forças policiais, decidiu dar visibilidade a si e ao seu bando, por meio de entrevistas e imagens fotográficas e filmes, ele soube construir, quando teve oportunidade, uma relação com jornalistas e fotógrafos da época, o que lhe rendeu algumas imagens favoráveis.

O movimento do cangaço foi sobre tudo um movimento de forte apelo social a favor e ou contra as regras da época a depender do ponto de vista histórico ou social. Idealista, inclusivo, estético e acima de tudo brasileiro que viveu grande fatos em terras alagoanas.

O cangaço nos deixou grande herança estética, reproduzida por artistas como Luiz Gonzaga (visualmente e musicalmente), despertou curiosidade e respeito nas demais regiões do país e sobretudo Alagoas esteve fortemente presente nos fatos e batalhas ocorridos em cidades alagoanas a personagens centrais filhos da terra como Corisco.

O reconhecimento desta memória, fatos, remanescestes vivos, locais obras literárias e de arte é que queremos revisitar e dar visibilidade com o PROJETO “VOLTA À SECA - Revendo o Cangaço no bicentenário de Alagoas


1. HOLANDA, Aurélio Buarque de. Feira de Cabeças. Suplemento Cultural, Diário Oficial, Estado de Pernambuco, Ano IX, p. 15, Julho de 1995.
2.  ROCHA, Melchiades da. Bandoleiros das catingas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988, p. 35.

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